quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Dia Mundial da Alimentação - dá para comemorar?

Não existe notícia que choque mais os seres humanos do que as que retratam a fome e a pobreza que assolam o mundo. Nesta semana, em que se comemora o Dia Mundial da Alimentação e que diversos orgãos públicos e privados divulgam o quanto é importante manter uma alimentação saudável e balanceada, a ONU confirma que o número de famintos em 2009 ultrapassou a marca de 1 bilhão - cerca de 100 milhões a mais do que no ano anterior -, índice mais alto das últimas quatro décadas.
Como ouvir uma notícia dessas e almoçar ou jantar tranqüilo com a família? Impossível. Pior do que isso, como presenciar diariamente o desperdício de comida tão freqüente nos lares, restaurantes e grandes redes de hipermercados, seja pelo simples fato da barriga já estar cheia ou os prazos de validade dos alimentos, vencidos?
Segundo dados da ONU as causas do crescimento desse índice neste ano é a combinação da crise dos alimentos e a recessão econômica. Porém, vale refletir um pouco mais sobre a questão, pois esses motivos parecem estar tão distantes das mesas dos cidadãos, pelo menos dos que têm o que pôr no prato dos seus filhos. Já para os que não têm, pouco importa as constantes crises econômicas que assolam os países ao longo dos anos, aliás, que parecem nunca mais ter fim, tendo em vista que entra ano e sai ano e há sempre um novo problema econômico mundial.
No Brasil o problema ganha novas proporções, já que o solo é extremamente fértil e “se plantando, tudo dá”, como diziam os mais antigos. Num país em que a terra é promissora em diversas regiões, como pode ainda cerca de 14 milhões de pessoas passarem fome? Por outro lado, grandes redes do setor alimentício, sejam fast foods ou varejistas, estão em constante desenvolvimento. O que explica isso?
De acordo com a ONG ActionAid no Brasil, nosso País é o nono com maior número de pessoas famintas do Mundo, sendo que 45% das crianças com menos de 5 anos sofrem de anemia crônica por falta de ferro na alimentação e 50 mil nascem todo ano com algum tipo de comprometimento mental devido à falta de iodo na alimentação das gestantes.
Para quem tem fome, o que importa mesmo não é se o filho aprendeu algo novo e importante para seu futuro na escola, mas sim qual foi a merenda servida no intervalo. Como esperar um futuro melhor diante dessa realidade? Porque não há nada pior do que não ter o que comer ou alguém ainda duvida disso? Que fique um dia sem comer para sentir na pele (ou no estômago) a ausência do tradicional arroz com feijão.

Um comentário:

  1. Penso que o Governo Federal poderia assinar uma portaria que obrigassem grandes redes de alimentos (Mac Donald´s, Bob´s, Habib´s e outras mais), a destinarem um determinado número de cestas básicas por mês, relativo às unidades abertas no país, para as regiões mais carentes. Assim, se uma unidade do Mac Donald´s fosse aberta em SP, por exemplo, aumentaria a cota que a empresa teria que reverter em cestas básica ao país, e não, necessariamente, ao Estado em que a unidade for aberta, pois alimentaríamos as regiões mais necessitadas.
    Medidas simples que poderiam diminuir este caótico fato mundial. Ah, mas as empresas iriam aceitar esta proposta? Uma coisa é certa, o Mac Donald´s (usado como exemplo) não deixaria de expandir sua rede e fortuna por causa disso.
    PS: Adorei a descrição de "um ser em desenvolvimento"...rs. Muito boa!

    ResponderExcluir